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Domesticação e Estrangeirização

O teórico Lawrence Venuti fala sobre dois tipos de estratégias em relação à tradução: estrangeirização e domesticação. A estrangeirização busca manter mais características do idioma (e cultura) a partir do qual o texto está sendo traduzido, já a domesticação busca adaptar mais o texto ao idioma (e cultura) em que ele está sendo traduzido.


Dando exemplos simples: é domesticação quando James Potter é traduzido como Tiago Potter na edição nacional do livro Harry Potter. É estrangeirização quando Superman é utilizado, ao invés de Super-Homem.


Nenhuma dessas duas estratégias existe no vácuo ou em um extremo, e sim em uma graduação. James foi traduzido como Tiago, mas Potter foi deixado como no original em inglês, mesmo que não seja um sobrenome comum no Brasil.


Uma referência muito brasileira pode não ser compreendida por alguém de fora. Já a adaptação desta referência para algo local pode fazer com que quem jogue estranhe algo tão local em um jogo que foi feito (e talvez até se passe) em outro país.


Para qual lado tender é uma pergunta difícil, para a qual não existe uma resposta correta. Cada jogo tem suas características, e cada desenvolvedor tem suas preferências. Mas é importante que a escolha seja explicitada. Um projeto pode ser traduzido por mais de uma pessoa, com preferências distintas, e gerar uma obra final pouco coesa.


É comum que jogos sejam jogados por várias pessoas simultaneamente, que se comunicam em tempo real. É o caso de jogos coop como Paladins, League of Legends e Counter Strike. É comum, também, que pessoas distintas joguem em idiomas distintos. Assim, metade dos jogadores pode jogar a versão traduzida, e metade a versão original. Uma aproximação maior dos termos (que tende a estrangeirizar o jogo) pode ajudar na comunicação e compreensão entre os jogadores.


Ao mesmo tempo há uma sensação de “pertencimento” que parece ser mais forte em obras domesticadas.



O inglês tem um domínio muito forte no mercado de jogos, de modo que alguns jogos nacionais são até lançados com títulos no idioma. É o caso de Horizon Chase, por exemplo. O jogo usa elementos famosos da cultura popular brasileira, como o "carro da firma" ou "Uno com escadinha", e os adapta na localização para o inglês.


Um guia do que traduzir e como traduzir pode ser de bom auxílio e gerar um produto mais uniforme. Algo simples, como “Traduzir nomes próprios” ou “Não adaptar nomes de locais nem comida” pode ajudar a ter um produto final mais do agrado da desenvolvedora e polpar tempo e dinheiro.




Acima: o jogo Cuphead manteve, na localização para o português brasileiro, o título em inglês. Dentro do jogo todos os nomes foram localizados, inclusive o do protagonista Cuphead - aqui chamado de Xicrinho.


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